Famílias haitianas de imigrantes que estão no Brasil têm recebido menos dinheiro em relação a meses atrás. Com a crise econômica e a alta do dólar no país, cotado a R$ 4 nesta quinta-feira (1°), os haitianos precisam depositar mais dinheiro em transações bancárias. Atualmente, para cada US$ 100 é preciso R$ 500, enquanto há dois anos a mesma quantia poderia render US$ 200, conta Citus Cius. Ele vive com a esposa Elianta Noef e outros cinco imigrantes em uma casa em Itapetininga (SP), a aproximadamente 170 quilômetros da capital paulista.
“Estou aqui desde 2013. Vim para trabalhar e ter mais oportunidades de dar melhor condição de vida aos meus filhos, que estão no Haiti. Mas o Real está fraco, não há muitas vantagens mais. Só não posso sair agora porque a viagem é muito cara e tenho planos de, no futuro, ficar de vez e trazer o resto da família”, conta Cius.
Os irmãos Lucius Pierre e Jean Claude Pierre também lamentam a atual situação financeira do país. Com esposas e filhos no Haiti, a maior parte do dinheiro que recebem é enviada à família. Depois de receberem em Dólar, os familiares trocam pela moeda local, o Gourde. “O problema é saudade da esposa e filhos, é muito difícil. Vivemos aqui para trabalhar, vou ao trabalho antes das 6h e volto depois das 18h”, conta Lucius.
O grupo
Além de Cius, a esposa e os irmãos Pierre, no grupo também estão Mikelange Robillard, Lesca Volma e Jean Rene Etienne. Com excessão de Lucius Pierre que trabalha em uma usina de cana-de-açúcar, todos os outros estão empregados em um orquidário na zona rural.
Além de Cius, a esposa e os irmãos Pierre, no grupo também estão Mikelange Robillard, Lesca Volma e Jean Rene Etienne. Com excessão de Lucius Pierre que trabalha em uma usina de cana-de-açúcar, todos os outros estão empregados em um orquidário na zona rural.
“Viemos em um ônibus lotado com 44 pessoas em 2014. Passamos pelo Acre e depois São Paulo. Quando estávamos alojados em uma igreja na capital, um empresário veio e nos contratou. Éramos 15 pessoas aqui na cidade, mas depois de meses ele demitiu todos, dizendo ser a crise. Oito foram embora em seguida, mas quem ficou teve outra oportunidade nesse orquidário. A gente mantém contato só com alguns dos imigrantes que vieram com a gente, a maioria perdemos”, explica Jean Claude.
Os amigos vieram das cidades de Cabo Haitiano e Gonaives. Eles têm a situação regularizada pela Polícia Federal desde a chegada ao Brasil. A adaptação à língua portuguesa é a principal dificuldade para o grupo que fala crioulo haitiano e frânces, diz Jean Claude. “Sem saber o mínimo de português seria impossível trabalhar em algum lugar, mas não tivemos muitas aulas, só duas semanas com uma professora voluntária em uma igreja em Itapetininga. No resto, culturalmente não há muitas diferenças”, conta.
Ajuda em Itapetininga
Eles afirmam também que não sofreram preconceito em nenhuma das cidades em que viveram. Pelo contrário, encontraram pessoas que só ajudaram com a vida no novo país. A professora de educação física Tereza Nunes da Costa, a Teca, é uma delas. Ao saber da chegada dos haitianos em Itapetininga, tem feito de tudo para receber bem os imigrantes, inclusive dar uma camisa do time do coração, o Corinthians, para o Jean Claude, que virou torcedor.
Eles afirmam também que não sofreram preconceito em nenhuma das cidades em que viveram. Pelo contrário, encontraram pessoas que só ajudaram com a vida no novo país. A professora de educação física Tereza Nunes da Costa, a Teca, é uma delas. Ao saber da chegada dos haitianos em Itapetininga, tem feito de tudo para receber bem os imigrantes, inclusive dar uma camisa do time do coração, o Corinthians, para o Jean Claude, que virou torcedor.
“Fiz campanha entre amigos para doação de roupas, utensílios domésticos, eletrodosméticos, cestas básicas. Ainda continuo ajudando com alimentação para que possam mandar o máximo de dinheiro para as familias. Sou como uma mãe da turma, até me chamam de 'Mama Teca'. Elas são pessoas muito boas, de certa forma até ingênuas. Quero ajudá-los da forma que posso, para que tenham um boa referência do nosso país. Todos estão muito bem adaptados, o Jean Claude até jRota de imigração
Desde 2010, quando um forte terremoto deixou mais de 300 mil mortos e devastou parte do país, haitianos viajam à América do Sul em busca de uma vida melhor e de poder ajudar familiares que ficaram para trás.
Para chegar até o Acre, eles saem, em sua maioria, da capital haitiana, Porto Príncipe, e vão de ônibus até Santo Domingo, capital da República Dominicana, que fica na mesma ilha. Lá, compram uma passagem de avião e vão até o Panamá. De Cidade do Panamá, seguem de avião ou de ônibus para Quito, no Equador.
Por terra, vão até a cidade fronteiriça peruana de Tumbes e passam por Piura, Lima, Cusco e Puerto Maldonado até chegar a Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passam até chegar a Brasiléia (AC).á assiste e torce com a camisa dada pela 'Mama' (risos).”
fonte: g1.globo.com