Família espera 15 horas para iniciar velório de jovem em Itapetininga

Secretaria afirma que IML deveria funcionar 24 horas e que vai apurar caso. ‘Amanhecemos acordados’, diz avô de rapaz de 18 anos morto em acidente.
A família do jovem Luis Henrique Nunes Pereira, de 18 anos, diz que esperou por 15 horas até que o corpo fosse liberado para o velório em Itapetininga (SP). O rapaz morreu em um acidente de motocicleta na segunda-feira (6), mas só começou a ser velado na manhã desta terça-feira (7) para o enterro à tarde. O avô da vítima, Durvalino Souto, denuncia que a culpa é do Instituto Médico Legal (IML) no município. Segundo ele, o corpo ficou no Hospital Regional durante toda a noite de segunda e a madrugada desta terça, porque o IML estava fechado.
“Veio meu genro, dois genros com os documentos para o hospital, que é o normal, e dai tiveram a notícia que o perito só poderia atender hoje depois das 8h, porque a noite não trabalhava. Agora eu só queria deixar no ar o meu sofrimento e da minha família, que amanhecemos acordados, porque quem que vai dormir sabendo que o corpo do neto estava no pronto-socorro sem liberação”, exclama.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirma que o IML tem que estar disponível para receber corpos 24 horas por dia, e que a irregularidade está sendo apurada. A denúncia poderá ser encaminhada à corregedoria da Polícia Civil.
Do ano passado para 2017 foram três notificações deste tipo contra o IML da cidade. Em janeiro de 2016, o empresário Fábio Rodrigues, dono de uma funerária em Tatuí (SP), disse já ter dormido no carro funerário junto com um corpo dentro de um caixão na traseira do veículo por medo de furtos. “Por cuidado de não deixar o carro em qualquer lugar, eu durmo no carro com o corpo junto. Fico no banco da frente com o corpo atrás. Porque não posso deixar um carro desse na rua, se acabam levando vou falar o que?”, contou na época.
O motorista Luciano Vieira de Camargo, parente do jovem Luis Henrique Pereira, confirma que conhece pessoas que sofreram o mesmo problema. “Informaram que eles pegaram o corpo antes das 7h, levaram às 7h, e ele foi liberado às 10h. Desde ontem o corpo estava ali. A gente reclama de não ter legista à noite. Isso é uma coisa que deveria ser liberado rápido, não só por nós, mas por outras famílias também. Tem amigos nossos que morreram a pouco tempo atrás e levaram dois, três dias para ser liberado, coisas simples como infarto, morte natural”, diz.
O avô Durvalino Souto agora espera que mais nenhuma família passe pelo que ele e os parentes passaram. “Com esse sofrimento da família, para mim é um grande descaso com o ser humano, com as pessoas que precisam. Gostaria que as autoridades do hospital, os políticos, que revissem isso aí. Não só pelo meu caso, mas pelo de mais gente”, pede.
Fonte: G1

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