Mãe descobre que filha 'morta' há 35 anos pode estar viva: 'É uma agonia'

Mulher diz que recebeu de enfermeiras notícia de possível morte em 1981.
Segundo a polícia de Sorocaba, não há registro de óbito da criança.


Imagine a sensação de receber a notícia de que, 35 anos após a "morte" de sua filha recém-nascida, possa existir a possibilidade de a criança ainda estar viva. É com essa dúvida, misturada com uma sensação de esperança, que a dona de casa Hilda Antunes Correa, de 54 anos, vive todos os dias em sua casa no interior de São Paulo.
A primeira filha dela nasceu em 1981, no hospital Santa Lucinda, em Sorocaba (SP). Um mês após o parto, Hilda recebeu a informação das enfermeiras de que a criança havia morrido. Anos depois, a história virou caso de polícia, já que não existe o registro de óbito da criança. "É uma agonia. Até hoje eu não consigo acreditar. É difícil viver assim, porque não sai da minha cabeça. Eu não esperava que ela continuava viva", disse Hilda em entrevista.
A mulher tinha acabado de se mudar de Itaí (SP), na região de Itapetininga (SP), para Sorocaba quando engravidou da primeira filha, registrada como Patrícia Antunes Correa. A criança nasceu em 11 de maio de 1981. Prematura, veio ao mundo pesando 1,850 kg, aos oito meses e meio de idade. “Esse dia foi muito marcante e não vou esquecer nunca. Estava muito feliz, me lembro do rostinho redondo dela, dos olhos verdes, dos cabelos escuro. Era uma criança muito linda e plenamente com saúde”, diz.
Como nasceu prematura, Hilda foi informada que a criança precisaria ficar internada, em observação. "Todos os dias eu ia até lá amamentar a minha filha, estava vendo ela crescer e ficar mais gordinha no meu colo. No último dia ela já estava maior do que no dia que nasceu. Achei que já iriam dar alta. Estava demorando, mas esperava o dia de levar ela para casa.", lembra.
Ela conta que, exatos 30 dias após o parto, foi informada por um motorista de que a criança havia morrido. "Foi um choque na hora. Fiquei muito nervosa, porque um dia antes ela estava boazinha e bonitinha quando fui dar mamar. Cheguei ao hospital desnorteada e fiquei sentada em um banco enquanto meu marido conversava com elas. Não falaram o motivo da morte. Só falaram que faleceu e que seria enterrada no cemitério do hospital. Eles nem falaram de levar a gente até onde ela estava."
Com o choque, a família resolveu voltar para a cidade onde moravam e seguiram a vida. Hilda chegou a, inclusive, ter um segundo filho, hoje com 28 anos de idade.
Prontuário
24 anos depois, Hilda não imaginava que poderia ter a sua vida virada de pernas para o ar, quando ela descobriu em 2005 que a filha ainda poderia estar viva. Após a morte do marido e do pai, a dona de casa decidiu colocar os restos mortais da criança junto com a sepultura dos familiares. Foi então que, ao voltar para Sorocaba, descobriu que o cemitério em que achava que Patrícia havia sido enterrada nunca existiu. "Eu acreditei que realmente havia um cemitério, porque eu nem conhecia a cidade. Na inocência, eu tinha 19 anos e nenhuma malícia. Eu acreditei nisso."
Após uma batalha judicial que demorou cinco anos, ela conseguiu acesso ao prontuário da internação da filha. “Só fiquei sabendo quando vim atrás do prontuário, que não diz que ela está morta. Fiquei nervosa porque ela pode estar viva. Entrei em desespero e até hoje eu tomo remédio para depressão.”
No processo, a maternidade informou que a menina teve alta no dia 14 de maio de 1981, com apenas algumas informações em forma de anotação em livros de registro. Segundo os documentos, a alta do bebê aconteceu três dias após o nascimento. Ao lado, a informação de que a menina era prematura e que estava em observação.
Na resposta, o hospital citou a dificuldade em localizar informações sobre a criança porque a lei que obriga as instituições de saúde a manter os prontuários dos pacientes por no mínimo 20 anos é de 2007.
Hilda ainda guarda certidão de nascimento da filha (Foto: Jomar Bellini/G1)




































Fonte: G1

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