A equipe do Conselho Tutelar do município foi ao lixão após a denúncia de que crianças estariam trabalhando no local, mas durante vistoria não encontraram nenhum menor, afirma o presidente do órgão, Gumercindo de Campos Júnior. “A maioria vê o carro chegando e foge", diz. Mas o presidente do Conselho reconhece a presença das crianças no espaço, por isso afirma que irá acionar o Ministério Público (MP). "A gente vê os caminhões entrando e não vemos ninguém que impeça a entrada de crianças e adolescentes. Então a gente imagina, se a prefeitura está explorando este local, ela que faça essa fiscalização”, conclui.
No local que deveria estar desativado desde agosto de 2014, quando venceu o prazo para as prefeituras acabarem com os lixões com base na lei de crimes ambientais, duas crianças foram vistas em um desses barracos e logo escondidas pela mãe. Como a moradia é improvisada, até a alimentação é preparada no meio do lixo. “Estou fazendo um arroz com frango, mas tem que mexer pra não queimar”, comenta uma mulher entrevistada quando cozinhava no aterro.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Itapetininga, Renato Vieira de Moraes, a administração municipal já ofereceu um acordo para as pessoas que trabalham ilegalmente no local, mas essa proposta teria sido negada. “Eles não aceitaram o trabalho na cooperativa de reciclagem por causa do horário, cumprir as normas. Mas a situação tem que ser resolvida, não tem como continuar assim. Vamos marcar uma reunião para ver o que querem e o que é possível”, conclui.
Disputa por material
Durante a noite o movimento no local acaba sendo maior, já que é o período que os caminhões chegam para jogar o lixo. Quando a equipe da TV TEM esteve no local, cerca de 40 pessoas esperavam para separar o material e cinco caminhões da prefeitura chegaram para despejar a coleta realizada na cidade. Os coletores se concentram para pegar o máximo possível durante a ‘hora da fartura". “Chegou caminhão é que nem ‘corvaiada’. Quem catou mais rápido, cata mais”, diz um catador. “O lixo de dia é só de ‘vilaiada’, vila pobre. Agora o de noite é do Centro, ‘ricão’, melhor de catar”, afirma outro.
Durante a noite o movimento no local acaba sendo maior, já que é o período que os caminhões chegam para jogar o lixo. Quando a equipe da TV TEM esteve no local, cerca de 40 pessoas esperavam para separar o material e cinco caminhões da prefeitura chegaram para despejar a coleta realizada na cidade. Os coletores se concentram para pegar o máximo possível durante a ‘hora da fartura". “Chegou caminhão é que nem ‘corvaiada’. Quem catou mais rápido, cata mais”, diz um catador. “O lixo de dia é só de ‘vilaiada’, vila pobre. Agora o de noite é do Centro, ‘ricão’, melhor de catar”, afirma outro.
“Você vai trabalhar de empregado e não ganha nem R$ 500. Aqui você trabalha a hora que quer, descansa a hora que quer e ainda tiramos R$ 2 mil no mês, sossegado”, diz o catador. Em média o quilo da garrafa pet sai por R$ 0,70. Peças de plástico por R$ 0,30 o quilo. Já o quilo do alumínio fica em torno de R$ 0,80. Considerando o material mais caro para reciclagem, o alumínio, para que o catador consiga ganhar R$ 2 mil em um mês ele precisa pegar 2,5 toneladas de material, média de 83,3 quilos de material por dia, sem folgas.
A empresa responsável pelo transbordo do lixo, Solid Gestão de Resíduos, afirma que não é responsável por cercar área do antigo lixão e nem fazer controle de pessoas que circulam por ali. Informou ainda que qualquer tipo de autorização é feita por meio de ofício, por isso não seria verdade que teria autorizado a entrada dos catadores na área. A empresa diz também que um funcionário foi agredido duas vezes ao tentar informar que a entrada de catadores no local não era permitida.
Aterro Irregular
Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Itapetininga recolhe em média 100 toneladas de lixo por dia. Dessa quantidade, apenas 25 toneladas são recuperadas por uma cooperativa do município. Os lixões estão proibidos nos municípios desde 1998, quando foi criada a lei de crimes ambientais. Em Itapetininga, a área que recebia esses materiais não estava dentro das normas da Cetesb, e desde 2013 o lixo está sendo transportado para aterros particulares.
Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Itapetininga recolhe em média 100 toneladas de lixo por dia. Dessa quantidade, apenas 25 toneladas são recuperadas por uma cooperativa do município. Os lixões estão proibidos nos municípios desde 1998, quando foi criada a lei de crimes ambientais. Em Itapetininga, a área que recebia esses materiais não estava dentro das normas da Cetesb, e desde 2013 o lixo está sendo transportado para aterros particulares.
Uma empresa venceu a licitação e passou a fazer o transporte dos materiais para Itapevi (SP) e Cesário Lange (SP). A mesma lei que proíbe o lixão, também obriga que as áreas que recebiam esses resíduos devem ser desativadas, isoladas e recuperadas ambientalmente, o que não acontece em Itapetininga.
O gerente regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Dirceu Micheli confirma que o local do antigo aterro de Itapetininga, hoje usado para o transbordo do lixo, funciona de forma inadequada. “A prefeitura já foi notificada, já teve advertência e multa. No inicio do mês foi proposta uma nova penalidade por volta de R$ 15 mil e ela foi cumprida. A situação é extremante inadequada, espero que a prefeitura tome atitudes. Tudo o que não pode acontecer em uma estação de transbordo acontece aqui.”
O secretário de Meio Ambiente de Itapetininga, Renato Vieira de Moraes, defende que o Executivo trabalha para conseguir uma licença de instalação para a plataforma de transbordo. “A solução é plataforma estar em funcionamento, que é um local fechado onde os caminhões põem direto o lixo nela pela rampa. Isso eliminaria o pessoal que vem pegar lixo. Tão logo sair a licença, que já está quase pronta, podemos construí-la em dois meses. Reconhecemos o problema, mas a prefeitura quer e vai resolver, isso é certeza”, aponta.
fonte: G1