Aposentada precisava viajar a Itapeva (SP), onde mora e faz tratamento.
Passagem de ônibus custaria R$ 35. 'Vai pesar', diz Geralda Furtado.
A aposentada Geralda Furtado afirma que foi uma das moradoras da região de Itapetininga (SP) que sofreram prejuízos, na manhã desta sexta-feira (11), devido à paralisação dos motoristas do transporte urbano, intermunicipal e rodoviário em um ato que pediu o arquivamento de um pacote de medidas propostas pelo governo federal. Segundo a idosa, ela precisou pagar R$ 250 para viajar de táxi até Itapeva (SP), onde tinha uma consulta médica agendada.
De acordo com Geralda, ela estava em Presidente Prudente (SP) na casa do filho e viajou de ônibus durante a madrugada até Itapetininga, onde faria uma “escala” até Itapeva, às 5h30. Porém, foi surpreendida com a paralisação e teve que pedir a um taxista para ir buscá-la, já que a consulta estava agendada para 11h.
A passagem de ônibus custaria aproximadamente R$ 35. Agora, com os R$ 215 a mais que teve que pagar, Geralda lamenta. “Ah esse gasto vai pesar, porque a minha despesa já é muito grande. Vou gastar R$ 250, vou ter que ir de táxi porque preciso passar no médico, estou fazendo tratamento pré-operatório.”
Na rodoviária de Itapetininga, além dos guichês fechados, nenhum ônibus viajou na manhã desta sexta-feira. Apenas uma empresa afirmou que não paralisou o serviço. O vigilante Adalto Lúcio foi outro passageiro afetado. Depois de trabalhar durante toda a madrugada em Itapetininga, ele voltaria para casa ainda de manhã, mas teve que esperar. “Sairia 7h e iria chegar às 10h em casa. Agora, se eu sair às 13h, que horas vou chegar?”, reclama.
O transporte coletivo do município também sofreu paralisação. Segundo a empresa responsável, Viação Rosa, apenas 30% da frota rodou. Quem precisou de ônibus durante a manhã teve que ter paciência. O caseiro Alceu Vieira de Morais, por exemplo, teve uma consulta média no Centro e não sabia como voltar para casa. “A gente não sabia bem direito, fica complicado. Agora tem que esperar para ver”, conclui.
Mobilização
A mobilização dos motoristas foi organizada por centrais sindicais, que pediu o arquivamento de um pacote de medidas propostas pelo governo, entre elas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241. O ato começou por volta das 0h e durou até meio-dia.
A mobilização dos motoristas foi organizada por centrais sindicais, que pediu o arquivamento de um pacote de medidas propostas pelo governo, entre elas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241. O ato começou por volta das 0h e durou até meio-dia.
A PEC 241 é uma das principais propostas do governo de Michel Temer para reequilibrar as contas públicas e viabilizar a recuperação da economia brasileira. Atualmente a dívida bruta supera 70% do PIB e, se os gastos públicos continuarem a subir, pode chegar a 132,5% em 2026.
A PEC que limita gastos ficou conhecida como PEC 241 quando tramitou na Câmara dos Deputados. Agora, no Senado, ela é a PEC 55. Ela prevê um limite anual de despesas para os três poderes ao longo das próximas duas décadas. Se a regra for aprovada, os gastos públicos só poderão aumentar de acordo com a inflação do ano anterior. O projeto foi aprovado em primeiro turno e em segundo turno no plenário da Casa. A proposta ainda será votada no Senado antes de entrar em vigor.
A premissa que orientou a criação da PEC é pôr fim à sequência de rombos nas contas públicas brasileiras. O ano de 2016 será o terceiro seguido com as contas no vermelho. Em 2014, houve um déficit de R$ 17,24 bilhões e, em 2015, um rombo recorde de R$ 114,98 bilhões. A previsão é de déficit de até R$ 170,5 bilhões em 2016 – o pior resultado da história, se confirmado.
Para 2017, a estimativa é de um novo déficit fiscal, da ordem de R$ 139 bilhões, mesmo se a PEC já estiver em vigor.
Fonte: G1