Desemprego afeta maioria mulheres e especialista fala em ‘zona de conforto’

'É preciso sair da mesmice', diz dona de agência de RH em Itapetininga (SP).
Na empresa, 60% de currículos são delas e 30% das vagas são para elas.


As mulheres são as mais afetadas pelo desemprego no Brasil, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada no fim de agosto. O órgão apontou que a desocupação atingia 7,1% de homens e 9,8% mulheres. Diante do cenário pouco otimista para elas, a especialista em Recursos Humanos (RH) Carol Guerino de Itapetininga (SP) orienta a se adaptar as necessidades do mercado e até se reinventar:
“Quando estamos em crise, nós precisamos fazer coisas diferentes: buscar qualificação, pesquisar o que o mercado pode absorver, fazer mais cursos, estar mais antenada em mais coisas e não mais naquela mesmice. É preciso sair da zona de conforto.”
Carol Guerino percebe a falta de oportunidade para candidatas. Na agência dela, 60% dos currículos enviados são de mulheres, mas apenas 30% das vagas são destinadas à elas. “As empresas diminuíram os seus quadros e as contratações também. Na maioria dos pedidos para contratação são homens”, completa.
No Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT), agência de empregos do governo, a situação é semelhante. A diretora técnica do espaço, Cláudia Ribeiro, ressalta que sobra mão de obra, faltam ofertas de trabalho. “Se contar do mesmo período do ano passado até agora estamos com 200 vagas a menos. A economia do Brasil reflete em todas as cidades, não tem como”, opina.
Em nova pesquisa, divulgada no fim de setembro, o IBGE apontou que a desocupação atingiu 8,6% de maio a julho deste ano, contra 6,9% do mesmo período de 2014. O IBGE estimou em cerca de 8,6 milhões o número de pessoas desocupadas no trimestre encerrado em julho. Três meses antes, eram 8 milhões, o que aponta para uma alta de 593 mil pessoas (ou 7,4%) nesse contingente.
Exemplos de afetadas
As desempregadas Michelle Aparecida Prestes e Nandara Queiroz fazem parte dessa estatística. Michelle tem experiência de 15 anos no setor de regulamentação e agendamento do Hospital Regional de Itapetininga, enquanto Nandara acaba de completar 18 anos e tenta o primeiro emprego. “Há pessoas com mais experiência e eu não tenho muita, agora vou voltar a procurar e tenta encontrar um espaço no mercado de trabalho, porque está difícil”, comenta a jovem.
Há meses desempregada, Michelle já perdeu as contas de quantos currículos enviou e quantos cadastros preencheu para voltar trabalhar. O problema é que o mercado não deu o retorno que ela esperava. “Acho que por conta da crise, não só aqui, mas no Brasil inteiro. Não recebi nenhuma ligação, retorno, e-mail, por enquanto nada. É complicado porque às vezes só o homem trabalhando não consegue manter a casa, precisa da ajuda da mulher''.
Michelle (esq.) e Nandara (dir.) tentam emprego e sair da estatística (Foto: Reprodução/ TV TEM)
fonte: G1

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