Funcionários trabalhavam na construção de galpão em local aberto da indústria em Itararé (SP) quando sofreram o acidente. Homem de 37 anos morreu dois dias depois e deixou esposa grávida e filha de 2 anos.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) está investigando se a construtora onde trabalhava o pedreiro que morreu atingido por um raio, em Itararé (SP), descumpriu algum item da norma que regulamenta as condições de trabalho na área da construção.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira (1º) e o processo tramita na Procuradoria do Trabalho de Sorocaba. Segundo o MPT, uma das normas trabalhistas proíbe o trabalho na construção civil sob condições climáticas desfavoráveis.
"É proibido qualquer trabalho sob intempéries ou outras condições desfavoráveis que exponham os trabalhadores a risco", diz a norma.
Por causa disso, o órgão informou que pediu uma série de documentações à empresa, mas disse que o inquérito ainda está em fase inicial.
O acidente ocorreu no dia 15 de outubro, enquanto os funcionários de uma empresa de Guapiara prestavam serviços para uma indústria de embalagens e paletes em Itararé.
O dono da empresa contou que os pedreiros estavam trabalhando na construção de um galpão, em um local aberto na indústria, quando foram atingidos pelo raio.
Alcino Carriel da Rosa Júnior, de 37 anos, ficou gravemente ferido e morreu dois dias depois na Santa Casa de Itapeva. Outros dois funcionários também tiveram ferimentos e foram socorridos, mas já receberam alta.
A morte do pedreiro também está sendo investigada pela Polícia Civil de Itararé. De acordo com o delegado José Vitor Bacetti, as equipes do 1º Distrito Policial vão apurar se houve negligência nas condições de trabalho dos funcionários.
O dono da Construtora Lima informou que vai prestar depoimento à Polícia Civil na terça-feira (7), mas ainda não foi comunicado sobre a investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Irmão presenciou acidente
O irmão de Alcino, Rogério Rosa, também trabalhava na empresa contratada para realizar serviços na indústria de Itararé e presenciou o acidente com raio.
Irmão de Alcino presenciou acidente com raio em Itararé — Foto: Arquivo pessoal/Rogério Rosa
Ele disse que, no dia do ocorrido, pelo menos oito pessoas sondavam estruturas metálicas no campo, mas a tempestade interrompeu o serviço e os funcionários se abrigaram em dois contêineres. No entanto, ainda de acordo com Rogério, pouco tempo depois, o superior da equipe pediu para que todos voltassem às atividades.
"Alcino estava cumprindo ordens. Ele carregou algumas peças de ferro e saiu do contêiner para o galpão, junto com mais três pessoas, quando foi atingido pelo raio. Imediatamente fui socorrer as vítimas e logo vi que meu irmão estava entre elas. Foi desesperador", lembra o pedreiro.
Após o dia traumático, o pedreiro contou que não pretende voltar a trabalhar na mesma construtora e que está preocupado com a situação da família, já que a esposa da vítima está grávida.
Jéssica Mota, esposa de Alcino, contou que o marido sempre trabalhou como pedreiro, mas havia entrado na construtora há poucas semanas para ganhar mais e concluir a construção da casa onde a família vive, em Guapiara.
"O Alcino morreu sem saber o sexo do bebezinho. Estávamos tão felizes com a chegada de mais uma criança. Ele torcia para ser um menininho, mas acima de tudo que viesse com saúde. É muito triste saber que ele não vai ver o bebê crescer, por isso vou sempre contar para meus filhos sobre o homem justo, trabalhador e de família que ele era", lamenta a viúva.
O dono da Construtora Lima também afirmou que o acidente foi uma "fatalidade” e que a empresa deu todo o suporte aos familiares da vítima.
O empresário disse que os funcionários chegaram a se abrigar em um contêiner quando começou a tempestade, mas foram atingidos pelo raio quando tentaram correr para um barracão depois que a chuva diminuiu.