Homem de 49 anos foi inserido no sistema de distribuição de vagas feita pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) no dia 19 deste mês, mas não resistiu e morreu dia 25.
A família do morador de Buri que morreu à espera de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na quinta-feira (25) relatou que o sentimento de desespero tomou conta desde que Gentil Antunes de Almeida, de 49 anos, precisou ser internado. gentil foi o 12º paciente que morreu esperando por transferência na cidade.
"Foi um desespero muito grande pois sabíamos da gravidade do caso, sendo que o Pronto Atendimento está fazendo o melhor que pode pelos pacientes, mas não é equipado como um hospital", relata o sobrinho, Diogo de Oliveira Ferreira.
Diogo afirma que a família tentou vagas especializadas em hospitais da região pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços da Saúde (Cross) após internação do familiar na unidade de atendimento da cidade, em 17 de março.
No dia 23 de março, Gentil foi intubado. Os médicos autorizaram que a família o visitasse, por conta do vírus já estar inativo no organismo do paciente, impossibilitando a contaminação. Após a visita, ele morreu na quinta-feira (25).
"Dissemos a ele que tudo isso iria passar e ele ainda brincou dizendo que estava bem e que se Deus quisesse ele sairia disso, passando muita confiança e fé", lamenta.
Além de Gentil, mais duas pessoas da família também testaram positivo para coronavírus, mas não precisaram de internação, segundo o sobrinho.
"Estávamos angustiados e muito preocupados, tentando de todas as maneiras possíveis manter integridade e a vida dele. Principalmente, tentando a transferência, que infelizmente não ocorreu. Só acreditamos nessa doença e neste vírus quando ele se torna um rosto conhecido", desabafa Diogo.
Fila de espera
Buri, que tem 19,9 mil habitantes, não possui hospitais ou Santa Casa, sendo que todos os moradores que necessitam de assistência médica são atendidos no Pronto Atendimento local. Até a noite de sexta-feira (26), nove pacientes da cidade aguardavam na fila por vaga em leito especializado.
de helicóptero em Buri
De acordo com a Secretaria do Estado de Saúde, a demanda de transferências para casos de Covid-19 registrados na Cross cresceu 117% em comparação ao pico da pandemia. Atualmente, são cerca de 1,5 mil pedidos por dia, contra 690 em junho de 2020, quando foi o auge da primeira onda.
Além dos moradores de Buri, também foram registradas mortes de pacientes à espera de transferência em Angatuba, Cerqueira César, Fartura, Guareí, Itaberá, Itapetininga, Piraju e São Miguel Arcanjo (SP).
Os hospitais com leitos de UTI da região, em Itapetininga, Itapeva, Avaré e Tatuí, estavam com 100% de ocupação até a noite de sexta-feira (26).