Defesa da vítima entrou com um pedido de cassação e afastamento provisório de Fulvio Cuba do Amaral (PSDB) na Câmara de Cerquilho (SP). Vereador afirmou que não medirá esforços para provar inocência.
A adolescente de 17 anos que denunciou o vereador Fulvio Cuba do Amaral (PSDB), de Cerquilho (SP), por tê-la assediado durante o trabalho, contou que o parlamentar ofereceu R$ 500 para que ela tivesse relações com ele.
Na quarta-feira (28), a defesa da vítima entrou com um pedido de cassação e afastamento provisório do vereador na Câmara de Vereadores. O pedido será analisado por uma comissão especial.
O parlamentar é dono da farmácia onde a menor trabalhava. Em entrevista, a adolescente conta que já tinha passado por algumas situações constrangedoras com ele no trabalho, mas nada como no dia 31 de março.
"Fiquei por quatro meses com carteira registrada. Nesse tempo, ele já havia falado algumas coisas, como elogios. Eu trabalhava de uniforme, calça e tênis sempre, e até as minhas calças ele elogiava. Me incomodava, eu ficava meio sem graça, saía de perto e continuava meu serviço. Sempre procurei estar ocupada lá dentro", relata.
Ela conta que, no dia do assédio, o vereador chegou a oferecer R$ 500 para que ela tivesse relações com ele. A adolescente negou e, mais tarde, o parlamentar se aproximou dela.
"Já estava quase na hora de eu sair, só estávamos nos dois na farmácia. Entrei na cozinha para beber água e ele foi atrás. Eu estava de costas e ele veio e me segurou por trás. Não me deixava sair, eu falando que não queria, tentando empurrar, tentando sair daquele lugar. Já ficando muito desesperada. Ele tentou me beijar, dizia que estava sendo carinhoso comigo. Foi horrível. Nunca passou pela minha cabeça viver isso. Com 17 anos, só estava pensando na minha faculdade", conta a menor.
A adolescente foi para casa depois do que aconteceu, mas só no dia seguinte conseguiu tomar uma atitude. Pediu demissão e contou aos pais.
"Ele me mandou mensagens pedindo desculpa porque eu pedi minha demissão dizendo que era referente ao acontecimento do dia anterior. Aí ele entrou em desespero, me ligava, mas não atendi e nem respondi mensagens dele. Meus pais foram lá e, saindo da farmácia, fomos direto para a delegacia abrir o boletim de ocorrência."
A vítima conta que também foi encorajada pelos amigos a fazer um post no Facebook para contar o que tinha acontecido.
"Isso tudo aconteceu na quinta-feira. Só consegui voltar a viver na segunda posterior. Na minha cabeça, teria mais pessoas contra do que a favor por causa do 'poder' dele, mas foi ao contrário. Eu só quero paz agora. Quero que ele pague pelo que fez, pelo caos que causou."
Em nota, a assessoria jurídica do vereador informou que, até o presente momento, não recebeu nenhum comunicado oficial da Câmara Municipal sobre o protocolo realizado pela defesa da ex-funcionária.
"Ao receber qualquer notificação oficial, será avaliada a necessidade de interposição de medidas administrativas, judiciais ou perante a imprensa. Contudo, informa desde já que a denúncia está sendo investigada e corre em segredo de Justiça, sendo que a exposição está ocorrendo por parte exclusiva da ex-funcionária e do seu procurador.
Por fim, esclarece que foi lavrado boletim de ocorrência de calúnia e difamação contra a ex-funcionária e de lesão corporal contra o pai da ex-funcionária. O vereador Fulvio não medirá esforços para provar sua inocência e encerrar de uma vez por todas essas acusações desconexas", diz o texto.