A maioria dos
ônibus não tem plataformas de acesso e o sistema de orientação aos cegos não
funciona, dizem passageiros. Prefeitura informou que empresa responsável será
notificada.
Cadeirantes e deficientes visuais, em Itapetininga (SP),
afirmam que enfrentam dificuldades em usar o transporte coletivo devido à falta
de acessibilidade nos veículos. Segundo eles, a grande parte da frota de ônibus
não tem plataformas de acesso aos cadeirantes e que o sistema de orientação aos
deficientes visuais não funciona.
Em nota, a prefeitura informou que
está fazendo a fiscalização e que a empresa Viação Rosa, responsável pelo
transporte coletivo de Itapetininga, será notificada. Além disso, o Executivo
aguarda que os problemas sejam solucionados o mais rápido possível. Já a
empresa Rosa não respondeu aos questionamentos.
O aposentado José Emídio conta que usa o transporte
coletivo diariamente e que, além dos obstáculos, tem que que esperar por horas
até a chegada de um coletivo que tenha rampa para cadeirantes. “Às 7h30 passa o
primeiro ônibus, porém preciso verificar se ele tem a rampa. Quando não tem,
tenho que esperar o próximo que passa às 8h50, ou então ir até o terminal”,
conta.
Para chegar até o terminal, José
percorre um trajeto de 40 minutos. “E quando já tem um cadeirante tem que
esperar o próximo ônibus, pois ele leva só um cadeirante por vez, pois não têm
vagas e não tem como ficar no corredor”, explica.
Uma equipe de reportagem acompanhou José em seu trajeto
diário e constatou que até em ônibus com a rampa de acesso ainda existe
dificuldade. “Às vezes preciso apertar o botão para descer no ponto e a
campainha não funciona. Então, eu preciso pedir aos outros passageiros que
avisem o motorista que preciso descer. É uma humilhação, você precisar ir ao
médico, pagar contas e sempre ser assim”, lamenta o aposentado.
A reclamação também é feita por deficientes visuais.
Wesley Gamaliel de Almeida é presidente do Conselho Municipal de Defesa dos
Direitos das Pessoas com Deficiência (COMDEFI) e conta das dificuldades do
deficiente visual em usar o transporte público. “A acessibilidade não é só a
implantação de rampa de acesso para cadeirantes, ela compreende também para a
pessoa com deficiência visual e auditiva, mobilidade reduzida. Ou seja, todas
as deficiências e não é o que acontece hoje. Eu, por exemplo, sou cego e não
tenho acessibilidade e autonomia para pegar um ônibus sozinho”, afirma.
Segundo o paratleta Rafael Tavares,
a maior dificuldade dos deficientes visuais é saber qual ônibus esta vindo.
Para resolver esse problema um dispositivo para auxiliar deveria ser
implantado. “Aqui no terminal recebemos orientação dos fiscais ou passageiros,
porém no ponto de ônibus em bairros não tem o fiscal e nem sempre tem
passageiro. Então, nós temos que ficar perguntando para os motoristas e nem
sempre os motoristas param, mesmo dando sinal. O que falta é um disposto que
nos informe qual ônibus está vindo, pois essa é a maior dificuldade de um
deficiente visual”, conclui.
Fonte: G1