Docente de Itapetininga (SP) criou grupo com estudantes no WhatsApp.
MEC informa que a previsão de entrega de livros é para o 2º semestre.
A atitude de uma professora que leciona para alunos do quarto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Jandyra Vieira Marcondes, em Itapetininga (SP) chamou a atenção das mães. Para tentar resolver o problema da falta de livros didáticos para todos os estudantes, ela resolveu mandar fotos das páginas por meio do aplicativo WhatsApp.
Para a mãe de uma das alunas, a atitude da professora ajudou a filha a estudar. “Na sala da minha filha tem 29 alunos e vieram 25 livros. Por causa desta diferença, os alunos não podem levar os livros para estudar para as provas na casa. Porém, esse bimestre os alunos do quarto ano não foram prejudicados porque a professora tomou essa iniciativa e fez a gentileza de repassar o material”, ressalta Eliane Lelis de Biazzi, que também é professora.
Ainda segundo a mãe, os alunos ficam perdidos para estudar sem o livro. "O primeiro bimestre eu percebi que os alunos foram prejudicados, porque tinham que estudar pela revisão do caderno e eles ficam perdidos. Agora no segundo bimestre a professora passou o material e ajudou. O certo é que todos tenham os livros. Todo mundo precisa do livro para estudar, tanto quem estuda de manhã quanto quem estuda no período da tarde", ressalta.
e acordo com a psicopedagoga Paula Silvestre, mesmo que de maneira improvisada, a saída buscada pela docente foi extremamente positiva. “Considero absolutamente válida a atitude. Os nossos professores são criativos. Na tela dos celulares mais novos o estudo fica completamente viável e os alunos já estão bem acostumados com isso. O material pedagógico pode até ser que eles não tenham, mas os celulares quase todos têm”, pondera.
Falta de livros
Dados de um levantamento da Secretaria de Educação da cidade apontaram que as unidades escolares da rede municipal de ensino estão com déficit de 1.200 livros, o que representa aproximadamente 12% dos estudantes.
Dados de um levantamento da Secretaria de Educação da cidade apontaram que as unidades escolares da rede municipal de ensino estão com déficit de 1.200 livros, o que representa aproximadamente 12% dos estudantes.
De acordo com a secretária da Educação no município, Eliana de Sales Almeida, o Ministério da Educação (MEC) foi avisado sobre a questão da falta de material didático nas escolas no início de 2016.
“No começo do ano, quando percebemos essa falta, nós promovemos um remanejamento entre as escolas. Em alguns locais, a classe toda ficaria sem livros e em outras faltariam poucos. Então, nós tomamos essa atitude para que a falta fosse reduzida”, explica.
Contudo, ela não sabia deste caso. “Vamos entrar em contato com a escola para verificar o problema. Mas, na minha opinião, não havia necessidade de usar o WhatsApp, porque os alunos estão estudando em dupla. O livro não pode ser escrito. Creio que houve um equívoco”, diz.
Em nota, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é ligado ao MEC, informou que não houve atraso na entrega dos livros e que a distribuição é feita em conformidade com o número de alunos registrados pelas escolas no Censo Escolar. Além disso, o órgão afirmou que costuma enviar materiais didáticos a mais, caso o número de estudantes seja maior do que o mostrado no Censo.
Para o FNDE, é possível ter ocorrido uma diferença entre os alunos estimados e as matrículas realizadas. A entidade também declarou que a Secretaria de Educação de Itapetininga pediu aproximadamente 6 mil livros da reserva técnica, que serve para suprir a falta de material nas escolas. A previsão é de que a entrega deles seja efetuada no segundo semestre.
Fonte: G1