Raimundo Pessoa foi preso três dias após o corpo de Susana ter sido encontrado em área de mata e disse à polícia que matou a vítima por "estar nervoso". Vídeo mostra momento da abordagem em Itapetininga (SP).
A mulher de 47 anos que foi achada morta seminua depois de desaparecer com o veículo da empresa onde trabalhava, em Itapetininga (SP), teve traumatismo cranioencefálico, de acordo com a Polícia Civil.
O delegado Agnaldo Nogueira informou nesta sexta-feira (26) que o laudo necroscópico comprovou que Susana Dias Batista foi morta por causa das pedradas na cabeça. O documento foi entregue na terça (23) à Polícia Civil.
"Ainda estamos aguardando o lado do local e um laudo complementar do exame necroscópico para confirmar ou não a conjunção carnal. O estupro já está comprovado pelo ato libidinoso, pelo fato do homem ter pedido para ela tirar a roupa. A conjunção carnal é só uma comprovação a mais para juntar aos autos, e a nossa suspeita é de que ocorreu", explica o delegado.
Raimundo Nonato da Silva Pessoa foi apontado como o suspeito de matar Susana após ser identificado por imagens de câmeras de segurança. Ele foi preso na noite de domingo (21), três dias depois que o corpo da vítima foi encontrado, por latrocínio e estupro.
Um vídeo mostra que Susana foi abordada pelo homem na tarde do último dia 17, quando desapareceu após sair do trabalho para almoçar com a picape da empresa. Nas imagens, é possível ver que Raimundo entrou no veículo na Rua Padre Albuquerque.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito contou que abordou a vítima para praticar um roubo e exigiu que ela entregasse dinheiro, sob ameaça verbal. Raimundo também disse aos policiais que obrigou Susana a dirigir a picape até a Rodovia Vereador Humberto Pellegrini (SP-268), entre Itapetininga e Alambari.
Ainda de acordo com o relato do suspeito à polícia, no local, ele mandou a vítima parar no acostamento, entrar na mata e se despir para que ele pudesse revistá-la e ver se ela não tinha dinheiro. Ele nega que tenha estuprado a vítima e disse que a atingiu com uma pedrada na cabeça por ter ficado nervoso com a situação.
“Ele se apavorou no momento porque pessoas estavam passando pelo local e resolveu atingi-la com uma pedrada para fugir da cena do crime. Ela tentou dissuadir ele de cometer o crime, tentou fazer com que ele a abandonasse no local, mas ele ficou muito nervoso, segundo o relato dele, e decidiu atingi-la com uma pedra”, afirma o delegado.
O corpo de Susana foi encontrado no dia 18 por parentes que faziam buscas às margens da rodovia, local onde a família rastreou o celular dela. A polícia informou que Susana estava seminua, com vários hematomas no rosto e um ferimento profundo na parte de trás da cabeça.
Durante a ação, Raimundo ainda roubou o celular da vítima. A polícia informou que ele é casado, tem três filhos e não tinha antecedentes criminais. Ele deixou o Maranhão para trabalhar na construção civil no interior de São Paulo e estava em Itapetininga há um ano e meio.
Trajeto
Além da abordagem no centro de Itapetininga, outras câmeras de segurança registraram a picape da empresa onde Susana trabalhava em outros locais da cidade.
Minutos depois da abordagem na Rua Padre Albuquerque, o veículo da empresa foi visto pela Avenida Dr Ciro Albuquerque, próximo a uma empresa de energia. Um câmera de segurança flagrou a picape passando pelo trecho às 14h49, sentido Alambari, e retornando às 15h27.
Da segunda vez que a picape passa pela avenida, aparentemente, é o suspeito quem está na direção do veículo. Neste momento, ele bate na guia e invade a calçada, quase atingindo um poste e danificando uma das rodas da picape.
O veículo foi abandonado minutos depois na Avenida Wenceslau Braz, com as portas abertas, uma das rodas danificadas e os bancos empurrados para frente. Às 15h36, uma câmera flagrou Raimundo próximo ao condomínio de luxo onde ele trabalhava como pedreiro e, às 15h50, uma testemunha afirmou à polícia que ele entrou no local.
Homenagens
O corpo de Susana foi liberado do Instituto Médico Legal (IML) no início da tarde do dia 19, e o velório foi realizado logo depois na Paróquia São João Batista, com caixão fechado. Às 15h, começou uma missa de corpo presente, e o sepultamento foi por volta das 17h no Cemitério São João Batista.
Conforme apurado, a igreja comporta 534 pessoas e ficou lotada durante a cerimônia. Susana fazia parte de um grupo na paróquia que ajudava famílias em situação de vulnerabilidade.
No sábado (20), um grupo de moradores foi às ruas de Itapetininga para protestar contra a violência sofrida pelas mulheres e homenagear Susana Dias Batista.
Nas faixas e cartazes, os moradores escreveram "quando uma mulher é morta, todas nós morremos um pouco", "exigimos segurança", e "estamos aqui pedindo mais segurança".