Preso por incendiar escola pediu socorro ao irmão após dirigir 200 km com corpo queimado: 'Estava irreconhecível'

 Jovem de 29 anos é ex-dono da escola em Itaporanga (SP) e foi preso por incêndio criminoso ao dar entrada com queimaduras em hospital de Sorocaba. Família diz que suspeito sofre de depressão e cometeu crime após receber cheque sustado.


O homem que foi preso suspeito de incendiar uma escola particular em Itaporanga (SP) e dirigiu mais de 200 quilômetros com o corpo queimado após o crime pediu socorro ao irmão ao chegar em Sorocaba, na manhã de quinta-feira (19).

Vanderlei José do Carmo contou que estava trabalhando quando recebeu uma ligação de sua esposa, dizendo que o irmão dele tinha chegado em casa e estava com várias queimaduras.

"Quando eu voltei, estava inacreditável. Estava irreconhecível, não tem como falar. E ele delirava, não falava coisa com coisa, pedia ajuda pra mim. Ele parou o carro 'de atravessado' próximo de casa e começou a gritar meu nome no portão, desesperado", lembra o irmão.

Ainda segundo Vanderlei, durante a viagem para Sorocaba, o irmão passou por pedágios com queimaduras e sujo de sangue. "Tem os comprovantes no carro de que pagou pedágio. Ele estava sujo de sangue, com o carro sujo. Como passa no pedágio e ninguém vê?", questiona.

Depois que chegou em Sorocaba, Vanderlei contou que levou o irmão até o Hospital Regional, onde ele segue intubado e em estado grave na UTI, segundo a família.

Segundo a polícia, ele foi preso em flagrante por incêndio criminoso após dar entrada na unidade e teve a prisão convertida em preventiva neste fim de semana.

Problemas na negociação

Segundo a Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba, o jovem de 29 anos é o ex-dono da instituição e cometeu o crime porque estava arrependido da negociação que havia feito recentemente.

No entanto, conforme a família, o empresário tem depressão e incendiou a escola depois que tentou utilizar um dos cheques que havia recebido como pagamento pela venda da instituição, mas descobriu que ele estava sustado.

"Ele recebeu dez folhas de cheques como pagamento. Aí ele foi trocar um cheque para pagar o frete da mudança que ia fazer para Sorocaba e descobriu que estava sustado. O atual dono disse que não tinha conversa, que não ia pagar porque a escola tinha dívidas, mas o trato era que eles iriam assumir todas as dívidas e dar parte do pagamento", afirma Jocimara de Souza Padilha, irmã do suspeito que trabalhou como servente na escola em Itaporanga.

A irmã disse ainda que o suspeito tem depressão e estava abalado com a morte recente da avó, que era chamada de mãe por ele. "Ficou sem dinheiro pra nada, aí tudo isso juntou na cabeça dele e ele ficou meio desnorteado", conta Jocimara.

"Ele desabou, fez essa besteira. Está no hospital e cada dia vai se agravando a saúde dele. Ele não se arrependeu de vender a escola, o cara que sustou o cheque. Mas lógico que ele errou e vai ter que cumprir com a punição", explica Vanderlei.

Erick Custódio, o empresário que comprou a escola do suspeito, contou que os cheques foram sustados depois que o antigo dono se arrependeu da negociação e disse que não iria mais vender a escola.

"Quando ele surtou e falou que ia desistir da negociação, fomos orientados a sustar os cheques, mas ele já tinha trocado com um agiota de Itararé. Depois, foram surgindo dívidas que não estavam no contrato, aí decidimos tirar o dinheiro que seria pago a ele", explica.

Além disso, Erick contou que teve que contratar um segurança para a escola porque o antigo dono estava tentando invadir a instituição, e o empresário ainda suspeitou de um possível estelionato relacionado às dívidas que estavam surgindo na negociação.

Segundo a irmã do suspeito, o jovem nunca tentou invadir a escola, mas foi até o local para entregar papéis e acabou barrado pelo segurança.

Depois do incêndio, o dono da escola particular disse que as aulas seguiram de forma 100% remota e que a escola estava sendo reformada para que os estudantes pudessem voltar presencialmente com segurança.

No entanto, o empresário explicou que pediu o cancelamento do contrato de compra e venda da escola na quinta-feira (19) e que ele, assim como outros pais de alunos, tiraram os filhos da instituição após o ocorrido.

"Não temos mais sanidade para lidar com ele e com a família dele. A gente quer abrir um colégio novo, mas não queremos mais nenhum tipo de vínculo com o proprietário", explicou.



Fonte: G1

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