Hospital Regional de Itapetininga volta a fazer cirurgias eletivas

Procedimento ficou suspenso; fila para cirurgias é grande e demorada.
Moradora com continência urinária diz que aguarda três anos ser chamada.


Muitos pacientes de Itapetininga (SP) não estão conseguindo fazer cirurgias eletivas, aquelas consideradas não urgentes, no Hospital Regional. O secretário de Saúde de Itapetininga, Fábio Nascimento, confirma que haja demora em pedidos de cirurgias eletivas porque o município teve uma pausa de um ano e meio nos procedimentos, entre outubro de 2014 e abril deste ano. “Tem pessoas que estão há meses ou até há dois anos aguardando esses procedimentos”, disse em entrevista.
Mais de 1 mil pacientes que aguardavam na fila no início da pausa não conseguiram atendimento no Hospital Regional de Itapetininga neste período: alguns pacientes conseguiram transferência para outros hospitais da região, outros conseguiram vagas em hospitais particulares, já outros ainda esperam.
O motivo para essa interrupção foi um erro na renovação de contrato entre a prefeitura e a Sociedade Beneficente São Camilo, atual administradora do hospital, afirma o secretário de Saúde. Ainda segundo Nascimento, com a volta do serviço, a capacidade é para que sejam feitos em média 60 procedimentos do tipo por mês. Mas mesmo com o retorno das cirurgias sem urgência, não há previsão de acabar com a fila de espera.
“O Hospital Regional de Itapetininga realizando esses 60 procedimentos estará evitando que essa fila aumente, mas dificilmente com essa produção que o hospital está ofertando conseguiremos eliminar essa fila. Provavelmente o Ministério da Saúde programe um mutirão de cirurgias eletivas, e essa é uma estratégia do Ministério da Saúde que vem ocorrendo regularmente. Esses mutirões são uma conjugação de esforços de diversos hospitais para que se consiga diminuir essa fila com uma velocidade maior do que é possível com a capacidade dos hospitais.”
Uma das pessoas que estão aguardando uma cirurgia é a dona de casa Lucimara Pires de Abreu, de 38 anos, que há três convive com a incontinência urinária, problema que impede a pessoa de controlar completamente a urina.
Lucimara entrou com o processo no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2013, logo após diagnóstico do médico, afirmou ela em entrevista.
“Gasto cerca de R$ 150 em absorventes por mês, porque uso todos os dias. E nos dias mais frios, como estamos enfrentando, tenho que usar até fralda. É humilhante, constrangedor.”, desabafa.
A incontinência urinária começou a afetar Lucimara depois que ela teve uma filha, em 2013, a quarta criança da família. Após o surgimento do problema, ela procurou o ginecologista do posto de saúde do bairro onde mora, o Bairro Gramadinho, que a encaminhou para o procedimento cirúrgico. “Fiz os exames, mas a data nunca era marcada. Sempre que eu procurava o posto perguntar quando seria eles falavam que iriam trocar de médico, trocar o prefeito, sempre uma desculpa. A demora foi tanta que os exames venceram e em maio deste ano tive que fazer novos”, afirma.
Apesar da cirurgia não ser urgente quanto a risco de morte, para a dona de casa a demora de três anos é um absurdo. “Continuei trabalhando até mês passado porque era empregada doméstica e não tinha carteira assinada para entrar com pedido no INSS. Mas é muito difícil, não saio de casa por nada desde então, até os estudos parei”, lamenta.
Segundo Lucimara, devido à demora ela precisou de novos exames (Foto: Reprodução/ TV TEM)
Fonte: G1

Leia também: