Advogado Gilberto Pucci disse que PM está fazendo tratamento psicológico.
Conselho dos Direitos Humanos investiga; caso foi em Itapetininga.
A policial militar que sacou a arma e ameaçou um adolescente de 16 anos, em Itapetininga (SP), pediu afastamento das atividades para tratamento psicológico, segundo o advogado dela, Gilberto Quintanilha Pucci. De acordo com Gilberto, a policial está afastada desde o episódio, que aconteceu no dia 29 de março em frente a uma escola estadual do município. Uma testemunha gravou a ação da militar.
A defesa alega que a policial, que é uma cabo com 12 anos na função, prestou depoimento na corregedoria em São Paulo, órgão responsável pela investigação. Segundo Pucci, a militar cometeu o ato depois que o adolescente a ameaçou também de morte.
“Temos postagens do Facebook dele que diz que os policiais são vermes e devem morrer. Tem uma foto de uma viatura da PM queimando. Ele não é um adolescente ‘certinho’, já tem passagens pela polícia. O adolescente disse para ela que era fácil ‘trincá-la’ por ser mulher, ou seja, matá-la por ser mulher. Ele disse ainda que sabia que ela passava por aquela rua com o filho. Depois disso é que ela invadiu a calçada e agiu daquela forma”, defende o advogado.
O relator do Condepe Luiz Carlos dos Santos foi enviado nesta terça-feira (5) a Itapetininga para investigar o caso e enviar um relatório à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP). Ele visitou o Conselho Tutelar, a DDM, onde ouviu o adolescente junto com a mãe, foi ao local onde o fato ocorreu e conversou com os responsáveis pela Diretoria de Ensino.
De acordo com Santos, a PM engatilhou a arma durante a ação. Com isso, fica claro que houve violação aos direitos humanos, diz ele. “O adolescente confirmou que no momento das ameaças a policial militar engatilhou a arma. A gente espera que órgãos, como a corregedoria da Polícia Militar, a Delegacia da Mulher e o Judiciário local, constatem essas intercorrências. O Conselho Estadual de Direitos Humanos vai acompanhar todo esse fato”, afirma.
Já o advogado da policial nega a afirmação do relator do Condepe Luiz Carlos dos Santos sobre a policial ter engatilhado a arma. “Ele nem nos ouviu, tanto é que o que ele fala sobre engatilhar a arma nem tecnicamente é possível, já que a arma dela não tem ‘cão’, sendo o percussor embutido. O que existe é uma total inversão de valores, porque a defesa dos Direitos Humanos é só para o adolescente com antecedente criminal”, critica.
Acompanhamento psicológico
O adolescente ameaçado pela policial também passa por acompanhamento psicológico, de acordo com o conselheiro tutelar Clayton Roberto Soares. “Ele foi encaminhado para avaliação psicológica e cabe ao Conselho verificar o acompanhamento sobre as consultas. O Conselho está dando todo o suporte na parte psicológica”, diz Clayton.
O adolescente ameaçado pela policial também passa por acompanhamento psicológico, de acordo com o conselheiro tutelar Clayton Roberto Soares. “Ele foi encaminhado para avaliação psicológica e cabe ao Conselho verificar o acompanhamento sobre as consultas. O Conselho está dando todo o suporte na parte psicológica”, diz Clayton.
O estudante nega a versão da policial e diz que não fez nada para causar tal reação. "Tinha acabado de chegar na escola para buscar minha namorada. Estava encostado no muro e a policial já falava com outros estudantes. De repente, ela veio para cima dizendo que eu tinha 'cara de bandido'", afirma.
Investigação
Três órgãos independentes investigam o caso atualmente, sendo a corregedoria da Polícia Militar, a Polícia Civil pela Delegacia da Defesa da Mulher (DDM) e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). Nenhuma das apurações foi concluída.
Três órgãos independentes investigam o caso atualmente, sendo a corregedoria da Polícia Militar, a Polícia Civil pela Delegacia da Defesa da Mulher (DDM) e o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). Nenhuma das apurações foi concluída.
Já a delegada da DDM, Leila Tardelli, afirma que, depois de finalizadas as investigações, o inquérito é relatado e encaminhado ao Fórum para processo. A militar foi ouvida nesta quarta-feira (6) na delegacia. "Após a investigação ser concluída, vamos encaminhar para o Fórum o processo, explica.
“Fiquei muito assustado. Na hora eu pensei que ia morrer e que a policial ia atirar, pois ela ficou balançando a arma. A única coisa em que pensava era que ela poderia disparar a qualquer momento. Além disso, eu também ouvi um som como se fosse de gatilho. Fiquei com muito medo. Foi desnecessário ela ter feito isso.”Posição do menor
Em entrevista , o estudante contou que pensou na própria morte ao ver a policial sacar a arma e afirmou que ficou bastante assustado.
A mãe dele também afirmou em entrevista que ficou decepcionada com a atitude da policial militar. “Fiquei indignada e revoltada com a atitude dela. Não esperava isso da polícia, que é uma instituição que sempre ajuda as pessoas. Eu achei que ela passou do limite ao colocar a arma na cara do meu filho. Como meu filho ficou com medo de sofrer perseguição policial, fizemos o boletim de ocorrência. O meu desejo é que ela seja punida ou chamada a atenção. Ela não pode ficar ameaçando adolescentes dessa maneira”, conta.
Entenda o caso
Uma policial militar foi flagrada mostrando a arma a um adolescente e o ameaçando nesta terça-feira (29), em frente à Escola Estadual Modesto Tavares de Lima, em Itapetininga. Alguns alunos que acompanhavam o caso fizeram vídeo e enviaram as imagens à equipe de televisão.
Uma policial militar foi flagrada mostrando a arma a um adolescente e o ameaçando nesta terça-feira (29), em frente à Escola Estadual Modesto Tavares de Lima, em Itapetininga. Alguns alunos que acompanhavam o caso fizeram vídeo e enviaram as imagens à equipe de televisão.
No vídeo é possível ver a PM montada em uma motocicleta e avançando contra o adolescente encostado no muro. A policial aparenta estar nervosa. Após a abordagem, ela saca a arma e afirma: “Já viu isso aqui? (mostra arma) Sabe para que presta isso aqui? Mexe com polícia, seu bosta!.”
Alunos que testemunharam o caso contaram que a policial tomou a medida após jovens “tirarem sarro” da PM depois que a motocicleta dela parou de funcionar na rua.
Confira a transcrição do vídeo:
Policial: Tá vendo essa mulherada aí, ó? Você quer vir pagar de gatinho pra essa mulherada, aí ó? Seu trouxa do c...!
Testemunha: Ele acabou de chegar (rindo).
Testemunha: Escuta.
Policial: Vai mexer com polícia, seu b...? Vai mexer? (avança com a moto)
Jovem: Eu acabei de chegar.
Policial: Vai mexer com polícia? Está pensando que eu sou trouxa, é? (avança contra ele)
Jovem: (fala inaudível)
Policial: Está pensando que eu sou trouxa? Já viu isso aqui? (mostra arma) Sabe para que presta isso aqui? Mexe com polícia, então, seu b...!
Policial: Tá vendo essa mulherada aí, ó? Você quer vir pagar de gatinho pra essa mulherada, aí ó? Seu trouxa do c...!
Testemunha: Ele acabou de chegar (rindo).
Testemunha: Escuta.
Policial: Vai mexer com polícia, seu b...? Vai mexer? (avança com a moto)
Jovem: Eu acabei de chegar.
Policial: Vai mexer com polícia? Está pensando que eu sou trouxa, é? (avança contra ele)
Jovem: (fala inaudível)
Policial: Está pensando que eu sou trouxa? Já viu isso aqui? (mostra arma) Sabe para que presta isso aqui? Mexe com polícia, então, seu b...!
Fonte: G1